domingo, 28 de dezembro de 2008
Escondidinha
Após 90 minutos, o Comandante avisa que aterrissaremos em instantes no aeroporto Salgado Filho e retorno ao meu corpo, desligo a música, coloco o assento na posição correta, aguardo o pouso cada vez mais torto (antigamente os pilotos tinham mais habilidade, mas pelo visto, esses voaram para fora do país e das companhias brasileiras) e piso, pela terceira vez no ano, na cidade que guarda parte saudosa de mim mesma com minha família.
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Provavelmente última postagem de 2008, com todos os acentos intactos. Freqüentemente, ano que vem, terei que consultar oráculos não para saber a sorte do dia, mas para confirmar se aquele hífen ainda existe, se o acento caiu, se os "esses" dobraram, só o trema será uma unanimidade. Ai que pena! Eu gostava tanto das regras antigas! Meu próximo vôo será um voo faltando um pedaço.
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Pela ordem: Para 2009: Saúde, Paz, Amor, Sucesso e Prosperidade!
MPV - dezembro 2008
domingo, 21 de dezembro de 2008
Conversa entre mãe e filha
MÃE (desligando o telefone com a mãe do Carlos*, após combinação):
Carolina*, vamos nos arrumar logo porque o Carlos tá no banho e logo vai passar aqui.
CAROLINA:
O Carlos tá no banho? Isso quer dizer que o pinto dele tá molhado?
MÃE (surpresa):
Como assim, Carolina? Isso quer dizer que o corpo todo dele tá molhado, ele tá no banho!
CAROLINA (não satisfeita):
Mas o pinto dele tá molhado?
MÃE:
Tá molhado, filha. Vamos acabar de nos arrumar, porque papai também tá se arrumando para sair?
CAROLINA (resignada):
Tá.
CAROLINA:
Mãe, agora que o papai saiu a gente pode falar sobre o pinto do Carlos?
MÃE (novamente surpresa):
Carolina, o que mais você quer saber sobre esse assunto?
CAROLINA:
Mãe, será que o pinto do Carlos já tá seco?
* Nomes fictícios
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Desejos para 2009
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir”
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Verão? Que Verão?
Normalmente, em outros anos, estaríamos todos resfriados de tanto entrar em ambientes congelantes por causa do ar-refrigerado regulado em temperatura de inverno nórdico e sair para a rua e encarar um calor trópico-africano. E as praias pululando de gente rosada e/ou torrada.
Não dá para acreditar nesse clima. Ainda bem que vou para Zurich e já me disseram que a praia lá tá ótima.
MPV - dezembro 2008
Árvore de Natal
Cheguei em casa e descobri que a portaria de meu prédio não tem decoração de Natal! Não tem árvore, papai noel, enfeite, nem cores vermelha e verde, nada. Resolvi subir ao último andar, descer pelas escadas e vi que nenhuma porta tem guirlanda, flâmula de Boas Festas, nada, nada, nada. Levei um susto. Roubaram o Natal do meu edifício! Acho que por lá, o calendário pula de 23 de dezembro para 2 de janeiro.
Não... tem alguma coisa errada... eu vi uma “caixinha” de Natal na mesa da portaria... De qualquer jeito, pedi uma cópia do estatuto do condomínio para saber se, pelo menos, a gente pode desejar Feliz Natal a quem encontrar pelos corredores.
MPV - dezembro 2008
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Receita magra
É um suco super-poderoso, a gente bate tudo no liquidificador, bebe dois copos enooormes pela manhã e fecha os olhos quando passar em frente aos bolos, chocolates, empadinhas e lingüicinhas.
Ele leva, obrigatoriamente, cinco ingredientes: aipo (as folhas entram!), curcuma (ah...vão descobrir o que é, do mesmo jeito que eu...), alecrim, gengibre, limão - tudo fresco! Nada enlatado ou desidratado.
E mais o que cada um gostar: salsa, manjericão, hortelã, mamão, melão, melancia, maçã, outras frutas magras, maaaaaagras, de acordo com a preferência (banana está banida do suco). As quantidades são no olho, também de acordo com o paladar.
Acrescente bastante água e bata tudo no liquidificador. O meu, hoje, fiz com os ingredientes obrigatórios, mais tomate, cenoura e maçã. Ficou uma gororoba de cor indefinível e deliciosa.
Bebido o suco, será que quer dizer que tenho que fingir não ver, quando abrir a geladeira e der de cara com o salaminho, o queijo brie, o vinho, as queijadinhas portuguesas?
MPV - dezembro 2008
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Crônica do Coração Imperioso - Adriana
Minha amiga Adriana, Dida, Ink, como quer que a chamem, escreveu esse texto para a nossa festa de fim de ano. Cada um deveria levar, além de muita bebida, um texto que lhe falasse ao coração e esse foi o dela. Não só fala ao coração, como fala de seu coração, insubordinado, levado, traiçoeiro e gaiato. Linda amiga, grande coração.
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Meu coração, este insubordinado, pede, antes de tudo, que perdoe sua indiscrição, mas avisa que nada pode fazer, já que esta é sua natureza - e isto eu posso provar que é verdade: acelera na hora errada, me faz sufocar e perder o chão, e quando mais preciso, subverte as leis mais naturais!
Mas, por força de sua posição de liderança que, de uma forma ou de outra, acaba exercendo, me convenceu a dar um aviso que insiste em grudar nas paredes, muros, rios, montanhas, e até nos labirintos de todo o meu ser e, ainda agora, tarde da noite, resolveu repetir a mesma música mil e uma vezes lá dentro dele como último recurso pra me fazer falar!
Por isso, também eu peço desculpas, pois não consegui governar este “negócio” aqui no meu peito, e também pela falta completa de explicação razoável....... Assim é este meu coração: quer porque quer, e não importa o tempo, os compromissos, e toda a vida ordinária, porque seu querer reveste tudo de uma urgência muito urgente mesmo!
Enfim, meu coração exige a sua presença e, petulante, também um beijo demorado – e ele acha que é pouco!
Mais uma vez, peço, encarecidamente, que perdoe minha ingerência, e espero que compreenda que nada pude fazer para calar a voz de tão insubordinado habitante!
Despedimo-nos, eu e meu coração, esperando sua resposta a tão estranha cartinha.
Adriana de Broux.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Graves cartas grávidas do exílio
Sempre escrevi cartas. Sempre gostei de lê-las, as minhas, as respostas às minhas, as dos outros – quando permitido, claro – as respostas às dos outros. Sempre escrevi cartas, repletas de saudades, muita curiosidade, com alguma expectativa, prenhes de perguntas. Perguntas para mim mesma, perguntas para os destinatários, perguntas objetivas, perguntas sem resposta.
Sempre gostei de cartas, Paul Eluard a Gala, Fernando Pessoa para vários, Rodolfo Konder para meus pais, Mario de Andrade para Fernando Sabino, correspondências entre Fernando Sabino e Clarice Lispector, Hannah Arendt e Mary McCarthy, Rainer Maria Rilke e Franz Kappus, minha irmã e eu, extratos de vida descritos em pequenos pedaços de papel.
Quando me exilei voluntariamente em Lisboa, nos anos 90, escrevi caminhões de cartas para minha família, depois catalogadas por ordem cronológica e hoje são uma perfeita fotografia daquele período. Nada melhor do que reler uma carta para sentir novamente o gosto, o cheiro, rever o lugar ou situação descrita, o aperto no coração, a sensação de alegria, o que quer que tenha motivado a escrita da missiva. Em alguns momentos, cartas graves, em outros, alegres, em muitos, breves.
No curto espaço de tempo entre o correio a galope e a mensagem instantânea, existiu o correio eletrônico e desse tempo, não tão longe assim, também guardo, em papel impresso, as cartas trocadas por esse meio, com amigos e amores. Elas têm o seu valor, claro, mas nada que substitua a surpresa de pegar o envelope embaixo da porta ao entrar em casa, após um dia exaustivo de trabalho e calor, olhar o remetente, observar o selo ou carimbo, a data e o local da postagem, calcular quanto tempo levou para chegar.
Ai, cartas! Empoeiradas graves cartas grávidas do exílio que me fazem fungar e espirrar agora.
MPV – dezembro 2008
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Dois trechos de cartas que eu gostaria de ter escrito:
Carta de Fernando Sabino para Clarice Lispector - Nova York, 10 de junho de 1946
“Tenho feito descobertas importantes, por exemplo: o pecado é simplesmente tudo o que Cristo não fez. Tenho conhecido sujeitos famosos, por exemplo: Duke Ellington. Tenho tido muita saudade de minha filha. Tenho tido muito pouco dinheiro. Tenho tido muitas oportunidades de ficar calado. Tenho tido muita decepção com os Correios. Tenho tido cansaço, saudade e calma. Tenho bebido muito, muito, muito. Tenho lido os suplementos dominicais. Tenho tido vontade de voltar. Tenho escrito muitas cartas para você. Tenho dormido muito pouco. Tenho xingado muito o Getúlio. Tenho tido muito medo de morrer. Tenho faltado muita missa aos domingos. Tenho tido muita pena de Helena ter se casado comigo. Tenho tido dor de dente. Tenho certeza que não volto mais. Tenho contado muito nos dedos. Tenho franzido muito o sobrolho. Tenho falado muito com os meus botões. Tenho tido muita vontade de brincar. Tenho feito muitas manifestações de apreço ao Senhor Diretor. Clarice, estou perdido no meio de tantos particípios passados.”
Carta de Fernando Sabino para Clarice Lispector - Nova York, 6 de julho de 1946
“Viver devagar é que é bom, e entreviver-se, amando, desejando e sofrendo, avançando e recuando, tirando das coisas ao redor uma íntima compensação, recriando em si mesmo a reserva dos outros e vivendo em uníssono. Isso é que é viver, e viver afinal é questão de paciência.”
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Rio, 40 Graus
Quem nunca viu, veja. É ordem, daquelas coisas que não se pode deixar de fazer na vida. Quem já viu, repita a dose. Não cansa nunca e tem sempre algo mais a descobrir.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Vários
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Árvore da Lagoa inaugurada, acabou o ano, piorou o trânsito.
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Este ano, vai ter Natal em família, o que não acontece há muito tempo.... Encontro planejado, festa, menu e música, filme produzido, malas por fazer... Todos contamos os dias...
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Livro Degraus no forno. Sai até semana que vem.
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Que notícia maravilhosa! Zizou vai ser papai. Suas namoradas cresceram e já podem procriar, mas... qual das duas estará grávida? Dália ou Dominique? Ou as duas? Vou descobrir... Mamãe disse que, então, eu vou ser vovó! ha ha ha! Imagina como serão lindinhos os filhotes!
Na verdade, soube agora, nenhuma está grávida ainda, mas estarão no próximo mês. As duas, juntas. Zizou vai honrar a família com a jornada dupla! ha ha ha!