
Minha amiga Adriana, Dida, Ink, como quer que a chamem, escreveu esse texto para a nossa festa de fim de ano. Cada um deveria levar, além de muita bebida, um texto que lhe falasse ao coração e esse foi o dela. Não só fala ao coração, como fala de seu coração, insubordinado, levado, traiçoeiro e gaiato. Linda amiga, grande coração.
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Meu coração, este insubordinado, pede, antes de tudo, que perdoe sua indiscrição, mas avisa que nada pode fazer, já que esta é sua natureza - e isto eu posso provar que é verdade: acelera na hora errada, me faz sufocar e perder o chão, e quando mais preciso, subverte as leis mais naturais!
Mas, por força de sua posição de liderança que, de uma forma ou de outra, acaba exercendo, me convenceu a dar um aviso que insiste em grudar nas paredes, muros, rios, montanhas, e até nos labirintos de todo o meu ser e, ainda agora, tarde da noite, resolveu repetir a mesma música mil e uma vezes lá dentro dele como último recurso pra me fazer falar!
Por isso, também eu peço desculpas, pois não consegui governar este “negócio” aqui no meu peito, e também pela falta completa de explicação razoável....... Assim é este meu coração: quer porque quer, e não importa o tempo, os compromissos, e toda a vida ordinária, porque seu querer reveste tudo de uma urgência muito urgente mesmo!
Enfim, meu coração exige a sua presença e, petulante, também um beijo demorado – e ele acha que é pouco!
Mais uma vez, peço, encarecidamente, que perdoe minha ingerência, e espero que compreenda que nada pude fazer para calar a voz de tão insubordinado habitante!
Despedimo-nos, eu e meu coração, esperando sua resposta a tão estranha cartinha.
Adriana de Broux.
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