quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Confraria dos Bibliófilos do Brasil

Corria a manhã de 24 de setembro de 2002, não fazia nem um mês que eu estava de férias, ou melhor, na entressafra de empregos e eu lia o jornal, preguiçosamente na sala. Início da estação mais bonita no Rio, luminosidade do dia em alta, sem o calor escaldante do verão, brisa ainda fresca, entrando pela janela aberta do apartamento.

Peguei o Segundo Caderno do Globo e dei de cara com a matéria intitulada “O Olimpo do livro Brasileiro”. Li, com atenção, como leio tudo o que diz respeito a livros, livrarias, autores, sebos, editoras e afins. A reportagem era sobre a Confraria do Bibliófilos do Brasil, fundada sete anos antes, em Brasília, por José Salles Neto, e mostrava um clube de amantes do livro objeto, não só da literatura, que produzia verdadeiras obras de arte, ilustradas, numeradas, com tiragem limitada.

Fiquei fascinada, havia encontrado minha turma! É óbvio que, quando li alguns dos nomes da “turma”, descobri que eles estavam distantes de mim em todos os sentidos possíveis: geográfico, financeiro, intelectual. Mas sofríamos do mesmo Bem: o amor aos livros.

Desde pequena sempre li muito, incentivada por mãe proprietária de vasta biblioteca e pai dono de imensa curiosidade, inicialmente os livros de casa, depois os que pedia para comprar e então os que fui adquirindo. Entro nas livrarias para dar oi para os livros. Passo a mão por suas capas, leio sinopses, as primeiras linhas, cheiro os livros novos (não faça isso em sebos! Fiz e espirrei por dois meses), compro e levo para casa como um tesouro.

Terminei de ler a matéria que trazia duas formas de contato: uma caixa postal em Brasília e um endereço eletrônico. Caminhei até o computador e resolvi enviar uma mensagem de interesse em me associar. Depois de enviada, pensei: quanta gente não deve fazer o mesmo e a julgar pelos que já são sócios, minha chance é mínima...

Passados uns dias, recebi um telefonema da Inês, diretora da Confraria. Conversamos muito, basicamente sobre mim, meus interesses, o que fazia, até que ela formulou a pergunta mágica: “Você tem mais livros do que jamais conseguirá ler durante toda a sua vida?” respondi, sem titubear: “Claro!” Acredito ter sido ali a aceitação de minha candidatura a membro da Confraria.

Desde então, cada seis meses são de espera ansiosa pelo próximo livro que chegará. Dos vinte e três já publicados pela CBB, não tenho alguns dos primeiros, esgotados e hoje vendidos a peso de ouro em leilões. O próximo a chegar será “Guimarães Rosa Centenário – Três Contos de Sagarana”. Não vejo a hora!

MPV – setembro 2008

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