segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

No aeroporto

Ela dançava, na noite, com amigos, como se não houvesse amanhã. Mandava embora, definitivamente, o ranço e a tristeza dos últimos tempos. Ela dançava, com amigos, animada, quando ele surgiu, lindo, imponente, levou-a pela noite e a fez acreditar novamente no amanhã.

Ela trabalhava, dias depois, quando soube que os braços encantados partiriam para rumo longe. Desceu dez andares de escada, acelerou o carro, desviou de buracos e radares, chegou ao aeroporto e não conseguiu passar pela área proibida. Esperava do lado de fora, uma autorização especial, um pistolão conhecido e os minutos corriam. Ela esperava. Os minutos corriam.

Ela, finalmente, conseguiu entrar e acelerou o passo, mas o embarque já havia iniciado. Esperava a porta do avião fechar. “Oi, moça, o que fazes aqui? Como conseguistes entrar?” Mágica, respondeu ela. E se deixou envolver no abraço que primeiro tirou seu fôlego e depois, trouxe, de volta, seu ânimo renovado para o primeiro dia do resto de sua vida.

MPV – agosto, 1997

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