segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Partida






Passados alguns dias de sua partida, encontro-me pensativa, cismando pelos cantos, tentando entender algumas coisas e arrumar o que ficou após a sua passagem pela minha vida. Pela terceira vez, você chegou e bagunçou a ordem dos meus dias, tirou tudo do lugar, como um vendaval não previsto que leva tudo pelos ares.

Voltar a sentir essa emoção, após alguns anos, foi como receber um presente que eu já não acreditava possível e isso fez com que todas as minhas defesas se reunissem para me salvar da invasão inimiga. Com isso, o que era para ter sido doce, foi arredio, o que era para ter sido fácil, foi confuso e o que era para ser entrega, ficou escondido dentro de mim.

A razão subjugou a emoção, me impedindo de enxergar o que se passava, enquanto você estava aqui, e me impedindo de “colher o dia”, como diz o poeta, e só agora vejo que o que é para ser profundo, será, independente do nosso esforço contrário, voluntário, ou não.

No caminho do aeroporto, comecei a entender o que sentia e porque tinha agido de maneira quase superficial durante a semana que passamos juntos. O medo do sentimento havia me bloqueado e ainda agora, faço um esforço para conseguir reunir em um pensamento conexo, essa tempestade mental que me assola. E se está sendo difícil escrever, o que normalmente é muito fácil para mim, imagino que seria impossível entender meu desabafo verbal. Eu-racional, vivida, com 35 anos e alguma história está em guerra declarada contra a Eu-apaixonada, que sente as coisas profundamente e faz a vida valer a pena.

Mesmo assim, é a mistura das duas que escreve, para falar o que tinha que ter sido feito, já que você, com o seu jeito amoroso, seu sorriso e seu carinho, mais uma vez, modificou meu caminho e fez minha vida brilhar.

Você está e estará sempre, em minhas lembranças, em minha vida e em meu coração, eternizado em meu sentimento e guardado como o Bem precioso que é.

MPV - setembro1998

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